Yiftah Peled

Entrevista com o Prof. Yiftah Peled por Joyce Oliveira Fortes e Stephanie Zuccolotto

Entrevista com Ex-coordenador da Galeria de Arte e Pesquisa da UFES GAP Yiftah Peled concedida às alunas Joyce Oliveira Fortes e Stephanie Zuccolotto na data de 21 de novembro de 2020 via internet. A entrevista é parte das atividades da Disciplina de Ensino da Arte em Espaços Não Escolares, ministrada pela Profa. Adriana Magro no curso de Licenciatura em Artes Visuais . 

Formação do entrevistado:  Cursou Escultura e Arte e Educação - Emerson College (1990), Inglaterra.  Bacharel em Escultura pela Universidade do Estado de Santa Catarina,  (UDESC), (2000).  Mestre em Teatro pela Universidade do Estado de Santa Catarina (2005) Doutor  em Poéticas Visuais/Artes Visuais pela Universidade de São Paulo (USP),  (2013).  Desde de 2012, Professor Adjunto no Curso de Artes Plásticas da UFES. Entre  2014 e 2017 foi coordenador da Galeria de Arte e Pesquisa (GAP) da UFES.  Participa em grupos de pesquisa: Diálogos entre Sociologia e Arte e Práticas e  Processos da Performance.  Atualmente é coordenador do Espaço Independente Contemporão em São  Paulo.  Tem atuação em performance, participação, instalação, múltiplos, intervenção urbana e curadoria.  

Ano de ingresso na UFES: 2012  

Ano de ingresso na GAP: 2014-2017  

Tempo de permanência na GAP: 3 anos  

Como foi sua participação na GAP? Gestor? Curador? 
“Gestor e  dependendo do projeto também curador.”  

 Quais foram as ações desenvolvidas na GAP sob sua gestão?   
-Formação de conselho para discutir e delegar todas as ações na  GAP especificamente aprovando programa de exposições anuais e  seleção em editais;   
-Formação de educativo e aproximação de disciplinas do educativo  para realização de ações na GAP com participação das professoras  Adriana Magro e Stela Maris Sanmartin;  
- Produção de blog e inserção de informação continua;  
- Formação de programa anual com exposições: "Davisuais" e "Graduartes";            
-  Formação de programa de Apresentação de TG na GAP;  
- Busca de recursos da Secretaria de Cultura da UFES;  
- Busca de divulgação das atividades pela TV UFES; 
- Elaboração de textos para as exposições e colaboração com design para peças gráficas; 
- Conversas e Encontros com artistas participantes nas exposições;
- Aproximação de galeristas da cidade para conhecer artistas  estudantes; 
- Estruturação de etapas em atividades expositivas; 
- Inclusão da GAP como Programa de Extensão.  

Como foi sua inserção naquele espaço? Há algum tipo de Conselho que promova  debates sobre os caminhos da galeria? 
A programação da GAP funciona por meio de um programa de extensão onde  cada exposição é montada como projeto de extensão com as seguintes etapas  (com adequações pequenas e específicas para cada uma): I. Elaboração ou  acompanhamento de conceito expositivo, discussão preparativa e seleção dos  projetos e/ou trabalhos de arte (Conselho GAP); II. Preparação de material de  divulgação e de design gráfico: release, cartaz, banner, (bolsista e/ou servidor  técnico com orientação do coordenador da GAP); III. Redação de texto crítico  (conselho, curadores, artistas ou parcerias); IV. Elaboração e preparação de  ações educativas de mediação (Membro do conselho responsável pelo  Educativo e/ou parcerias com professores responsáveis por disciplinas de  estágio ou arte educação junto com bolsistas e/ou alunos das disciplinas  citadas); V. Divulgação da exposição: redes sociais, site, imprensa (bolsistas e  servidores técnicos); VI. Recepção de obras na Galeria (servidores técnicos);  VII. Montagem (bolsistas, servidores técnicos, artistas participantes,  coordenador); VIII. Encontro na galeria com equipe de mediação (Membro do  conselho responsável pelo Educativo e equipe de mediação); IX. Produção da  abertura (servidores técnicos); X. Atendimento educativo durante a exposição  (bolsistas, estagiários e/ou servidores técnico supervisionados por Membro do  conselho responsável pelo Educativo e/ou professores parceiros responsáveis  por disciplinas de estágio ou arte educação); XI. Encontro com o artista/artistas  (produção: servidores técnicos; mediação: curador, coordenador ou membro do  conselho); XII. Desmontagem (bolsistas e servidores técnicos); XIII. Elaboração  de relatório do projeto de extensão (servidores técnicos e coordenador); XIV.  Avaliação do projeto de extensão (conselho GAP e câmara de extensão).  

Há uma indicação de quem vai assumir a gestão da GAP? 
Na época foi um convite do gestor anterior, aprovado nas reuniões de  Departamento e do Centro. As regras em relação à participação no Conselho da GAP e tempo  de gestão, foram elaboradas pelos membros do conselho, de forma mais clara a partir de 2018.  O que guiou a participação dos docentes foi a sua relação com a pesquisa e produção em Arte Contemporânea.

Desde quando existem editais de submissão de propostas para expor na  GAP? 
Um dos primeiros editais, o "Ocupa", foi montado como uma proposta de exposição  coletiva para alunos do Centro de Artes na gestão do Coordenador Marcos Martins, tal edital, posteriormente  se tornou o “DAVisuais”.  A seguir,  acrescentamos o “Graduartes” para  alunos finalistas do curso. Dessa forma, foi possível incluir pelo menos uma exposição de  alunos em cada semestre letivo.    

Você já tinha experiência em gestão de espaço expositivo quando assumiu  a GAP? Se sim, qual espaço?  
Sim, mas de espaço independente, depois também do espaço expositivo do  Galpão da UFES.  

Quais são os desafios da gestão de uma galeria vinculada a uma IES? 
A busca de uma relação maior com o curso de Artes Visuais da UFES.  Tornar as atividades da GAP como parte do curso, através de realização de visitas e atividades buscando participação, desde a semana de calouros, até o momento de graduação.  

Tornar o espaço lugar de formação para diversas funções do campo das artes  (além de ser artista), montador, educador, crítico, curador, etc.  Por isso a criação do educativo da GAP. Outro desafio é a  busca de representação dos alunos (que estava sem presença oficial no conselho durante grande parte da  minha gestão, visto que apesar dos convites, os alunos não se articularam e o mestrado também não enviou  representante).  

 Posso citar como exemplo a exposição Graduartes, cujo grande desafio é a busca da apresentação dos Trabalhos de  Conclusão de Curso dentro do espaço expositivo da Galeria. Ampliar a função da GAP para além de ser  um espaço de mostras, ser  também um local de pesquisa e de comunicação para a comunidade  externa da UFES.  

A fim de tornar possíveis tais propostas, convidamos professores de disciplinas de educação artística para desenvolver atividades com seus alunos e bolsistas.    

Quem foi sua equipe? 

Servidores Técnicos: Denise Cesar, Cacá Miled e  Welington  

Conselho da Galeria de Arte e Pesquisa da UFES 2015: Rafael Pagatini, Marcos Martins, Stela Maris Sanmartin (educativo), Gabriel Menotti, Carlos Eduardo Borges, Jacqueline Belotti 

Posteriormente à saída dos professores Rafael Pagatini, Gabriel Menotti e Jacqueline Belotti, entraram os representantes Diego Rayck e Miro Soares e finalmente Ananda Carvalho. Passaram na minha gestão 4 alunos bolsistas. Durante grande parte da minha  gestão tive apoio do voluntário Designer: Max Leandro  

Como era a distribuição do trabalho entre vocês? 

Dependendo do projeto expositivo, naturalmente as exposições “Davisuais” e “Graduartes”  envolveram mais participação de todos.  

Mas, de forma geral, toda a equipe foi incentivada a participar para conseguir realizar as exposições. Isso muitas vezes incluía trabalho pesado como carregar murais, pintar, montar etc.  

Naturalmente o papel de coordenador, frente a falta de recursos, gerava muito mais trabalho e desgaste.  

Durante minha gestão não havia horas alocadas pelo curso para essa função.  

Em caso de artistas convidados, como vocês organizam a vinda (ou não)  do artista para a abertura da exposição? 

Apesar de solicitar recursos no Centro, a GAP só tinha estrutura física,  funcionários e bolsista. (durante a minha gestão para alguns projetos algumas  passagens de avião e estadia foram dadas pelo centro), porém, sem poder pagar os artistas. Depois, até mesmo esse auxílio foi cortado, pois a universidade estava com cada vez menos recursos disponíveis.  

A exceção se dava e ainda se dá quando os projetos vêm com aprovação por edital externo, aí sim a exposição tem condições mais dignas, pois tudo já está pago.  

Quando havia um curador incluído nos projetos aprovados, naturalmente funções foram delegadas para agentes externos à GAP e isso, em parte, facilitou a gestão  de certos eventos.  

Com a bagagem de vivência e formação profissional fora do estado e do país, aponte as principais diferenças e/ou desafios que o Espírito Santo enfrenta enquanto promotor de arte: 

Por ser um estado pequeno, precisa fortalecer as instituições com profissionais  formados e sintonizados com a produção de arte contemporânea. Fortalecer  maiores trocas e promover os artistas.  Os editais  de cultura no Espírito Santo são bem estruturados.  

Palavra aberta para o entrevistado fazer suas considerações finais:   

A GAP, durante a minha gestão, funcionou com um conselho de professores do curso de arte que através de decisões coletivas, incluiu discussões e análise de  propostas que mantiveram a qualidade dos eventos. O conselho participou nos  processos de seleção dos editais e de propostas vindo dos docentes da UFES e  de fora da UFES. Desta forma o trabalho foi consolidado não como algo do gestor,  mas do grupo como um todo.  

Nessa fase, a GAP atuou com foco na produção experimental das artes visuais, no fomento da pesquisa de alunos e professores e com ênfase em ações educativas de alunos, docentes e servidores.  

Como artista atuante e pesquisador minha preocupação central foi estabelecer  a GAP como referência para experimentação e produção de arte  Contemporânea, penso que a gestão do Marcos Martins e a minha consolidaram esse papel da GAP no estado e fora também. 

Acredito que com a entrada no Conselho de novos docentes, com produção e formação mais recentes e a entrada da Ananda Carvalho, cujo foco é a curadoria, vai  consolidar ainda mais o que já foi construído.  

Considero pelo menos duas exposições que aconteceram na GAP como  históricos para o estado:  

"Deslizes Monumentais e Sonhos Intranquilos", GAP/ UFES, 2017, tal evento tratava do crime ambiental de Mariana e foi  a única manifestação crítica e estética sobre o que aconteceu no estado.  "Frágil, Fina Pele da Civilização", 2017, GAP/UFES, onde foi discutida a greve policial no estado.  

Curadorias realizadas em conjunto com o Conselho durante a gestão da GAP:  "Só se for no fundo do MAR", Galeria de Arte e Pesquisa, UFES, Vitória  ES, 2018, Curadoria em conjunto  com os artistas Marcos Martins e Hugo Fortes. 

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