Tempus Fugit
Estas pinturas foram realizadas entre o final de 1984 e meados de 1985, há trinta anos, portanto. Apesar de terem sido expostas separadas, ou em grupos de três, em algumas exposições coletivas e salões da época, nunca tinham sido reunidas em uma individual. Além de refletir o espírito daquele momento – da eclosão da chamada Geração 80 – principalmente em relação aos grandes formatos, davam continuidade a minha trajetória pessoal, que vinha de um desenho realista fantástico e crítico e passava pela gravura de cunho expressionista. Nelas, se persistia ainda o espírito do expressionismo, manifestava-se também uma aproximação – até certo ponto paradoxal – com seu oposto, o construtivismo, enfrentado aqui com uma feição mais aquecida, mais próxima de sua vertente latino-americana, o que denota também a utilização da tela crua, sem armação. Esta atendia a um desejo de retomada de um espírito primitivo, primal mesmo, com a prática da pintura. Além disso, na mão inversa, começava a surgir também uma certa inclinação para a experimentação de linguagem, que se manifestava na elaboração de níveis de representação superpostos (‘Fera’), assim como na ironia de aproximação com imagens provenientes de iconografias pop: desenhos animados, álbuns de figurinhas e histórias em quadrinhos.
Ricardo Mauricio.