Só se for no fundo do Mar
A exposição “Só se for no fundo do MAR” é um levante crítico em tempos de censura, uma tentativa de posicionar-se reflexivamente frente as tentativas de delimitar e enquadrar o corpo. Pode-se afirmar que o corpo permanece como um dos mais potentes elementos de ruptura e provocação frente as ameaças da censura e silenciamento que transpassam historicamente o fazer artístico.
A apropriação da sentença do Prefeito Crivela “Só se for no fundo do MAR” buscou construir uma lógica de inversão de valores; se o político apresenta a metáfora do afogamento da arte, foi a partir dessa imagem que emergiram as discussões e as poéticas dos artistas participantes da exposição. Poéticas que desestabilizaram a racionalidade cega e o adestramento dos sentidos.
A mostra foi uma tentativa de inverter o afogamento da arte, propondo um mergulho exploratório. As propostas dos artistas discutidas aqui surgem como estranhas e maravilhosas criaturas alienígenas submarinas que habitam o fundo do MARes. Não seriam essas criaturas, justamente, a maior potência da arte? Percebe-se a mostra como um investimento artístico que aposta na possibilidade de inverter o jogo perverso de poder e de acariciar coletivamente o carrasco.
Nesse sentido, os organizadores dessa mostra expressam, primeiramente, uma eterna gratidão ao prefeito por impulsionar esse mergulho em águas profundas de incerteza e possibilidades.