CTRL ZIL
A exposição conta com a participação de 20 artistas selecionados no edital Davisuais 2019 da GAP/UFES. Nominada de “Ctrl Zil” a mostra parece refletir sobre as incertezas humanas, sob nebulosidades abismais descritas pelo comando da tecla (do computador), que aciona o modo do recuar e retroceder no tempo e no espaço. Na subjetividade desses caminhos, às conquistas lutadas e adquiridas parecem estar em xeque, uma vez que tem se enaltecido o passado doloroso, nas mentes e nos corpos.
O jogo de palavras “CTRL Zil” emula as inquietudes desses corpos, através das proposições dos artistas: Bresiana Saldanha apresenta o mundo que se sonha em dicotomias vitrificas. Camila Huhn propõe uma mesa suspensa pelos ideais de poder. Diego Nunes antropometriza seu corpo em arquitetura, ocupando o espaço da galeria. Gabriel Fernandes diviniza a diferença, santificada em força. Henrique Tavares traz a memorabilia de sua presença no mundo. Jaíne fala da intimidade da alma que se escapa na solidão. Jaks propõe um inventario de índices de gestos e olhares. Lindomberto Alves fabula sobre a cidade e os seres fantásticos que nela habitam. Luca Pascoal rompe as barreiras humanas retirando divisas e impedimentos. Luisa Bonadiman desenha com gestos que esvoaçam suas linhas diáfanas. Matheus Destefani visita o lugar de referencia como caixa de memórias. Raô denuncia a gentrificação e a transformação da paisagem humana. Rebeca Ribeiro compartilha da imersão do seu corpo no espaço da natureza. Reyan Perovano propõe uma serie de corporificações boneficadas. Situl elabora uma estética eletroacústica que remete ao cotidiano. Stcfani habita as repetições que coexistem na dinâmica cotidiana dos corpos numa ambiencia intima. Sulamita Marques desloca paisagens e sonoridades vernaculares. Vitor Jubini revela-nos o acúmulo e o consumo exacerbado do homem na contemporaneidade. Vitoria Valiate nos conduz a dimensão existencial humana em seus autorretratos e Yurie Yaginuma apresenta imagens cotidianas para investigar os entremeios.
Os corpos desses artistas, corpos poéticos, tentam alumiar as trevas da ignorância e intolerância das mentes obscuras, que se nutrem do passado. Corpos que não calam, não retrocedem e não aceitam o abominável ontem, simplesmente por acreditarem e desejarem o maravilhoso amanhã.
texto curatorial por Marcos Martins